quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O stand up de Sigmund Freud


“(…) Pois então, para os que acham que eu falei que todo homem sonha possuir a própria mãe, recomendo que releiam com calma o que eu escrevi. Muita calma mesmo – o tempo suficiente para seu pai sair de casa e aí sim vocês poderem ir lá traçar a velha.(risos) Mas, falando sério, dizer que eu cunhei a expressão Complexo de Édipo como sinônimo de incesto é ir longe demais: o verdadeiro complexo de Édipo era ser um fracasso com as menininhas de Tebas e só conseguir se dar bem com a terceira idade. (risos) E não procedem as fofocas de que eu usava divãs em minhas consultas como merchandising disfarçado para a indústria moveleira vienense. Eu mesmo fabricava aqueles divãs, e vendia aos pacientes a preço de custo! (risos). Aí, quando publiquei A Interpretação dos Sonhos, em 1900, minha sincera intenção era quebrar todos os tabus possíveis – mas o livro encalhou e acabei quebrando só a editora. (risos) Mas eu fui um homem adiante do meu tempo. Fui o primeiro a cobrar por hora e dizer o que o cliente tinha medo de escutar - hoje existem os analistas de risco do mercado financeiro! (risos) E agora, mais de cem anos depois de inventar a psicanálise, me vejo fazendo stand up nesse night club e noto que só uma coisa mudou: quem fala sou eu, vocês é que me ouvem – mas quem paga continuam sendo vocês! (risos) E você aí da plateia, que está ameaçando jogar esse tomate em mim, das duas uma: ou você é antissemita ou é junguiano. Em qualquer um dos casos, pode pegar esse tomate e (...)”